Outro dia estava no ônibus com um daqueles copões de sorvete da Kibon... qse td dia faço isso, mas naquele dia uma criança sentou ao meu lado e começou a puxar assunto: “tia (tia? Como assim ‘tia’????), que horas são?”, “tia (ele insistia em me chamar de ‘tia’), dá pra me avisar qdo chegar a parada da praça do Marquês?”, “tia, é sorvete de q?”... estava só esperando ele pedir. “É de chocolate. Pega p você... tem mais da metade”. Ele abriu um sorrisão e agradeceu: “valeu, ‘tia’”.
Contei essa história p o Diego achando aquilo a coisa mais bonitinha do mundo. E veio o estraga prazer: “tu é doida? Tu tá alimentando a mendicância dessa criança (e blá blá blá...)”. Na hora não dei importância. Era só um sorvete. E as crianças são ‘pidonas’ por natureza. Outro dia, cheguei à redação e a Dália (filha da Doroty) não me disse nem boa tarde e já foi pedindo um pouco de ruffles. Normal.
Depois aquilo ficou martelando na minha cabeça. Estava certa de que não tinha alimentado a mendicância de ninguém, mas fiquei pensando no quanto nós estamos sujeitos a estimular, diariamente, a miséria de tantas outras. E a culpa não é de quem pode comprar um copão de sorvete e dar a quem bem entender; é de quem não dá educação e condições de vida digna para quem precisa. Mas o fato de a culpa não ser minha, não alivia minha participação nessa sociedade tantas vezes omissa. Nem a de ninguém.
Bjoooooooo
ps: desenterrando o Olodum (precisando me animar um pouquinho): “Olodum tá hip, Olodum tá pop, Oludum tá reggae, Oludum tá rock, o Olodum pirou de vez”... (rsrs)
Um comentário:
Só confundindo para não explicar: A culpa é nossa quando os políticos eleitos por nós não conseguem dar uma resposta tirando as crianças das ruas, mas somos inocentes quando damos comida para elas porque estamos apenas exercitando a solidariedade!
Falou!
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