Todos os santos

Tramitam no Congresso Nacional diversos projetos (da bancada protestante, claro) voltados para a extinção de feriados religiosos no Brasil. Tendo em vista o fato de sermos um Estado laico, é mais que plausível o argumento de que não é coerente a existência de feriados de cunho religioso.

Porém, dos 12 feriados nacionais brasileiros (entre datas móveis – como o carnaval - e fixas), quatro são religiosos: Paixão de Cristo, Corpus Christi, Dia de Nossa Senhora Aparecida (que até meus 6 ou 7 anos eu achava que ser feriado por se tratar do dia das crianças – dã!) e Nossa Senhora Imaculada.

Isso representa 25% de todos os tão ansiosamente esperados dias de folga (ou não, caso você seja jornalista) que se tem por ano. Ah, e sem contar os dias de padroeiros estaduais e municipais, que, em geral, também são feriados.

A sociologia explica a importância da existência de feriados para a manutenção da ordem pública. Fazem parte dos ritos e dos ciclos a que o ser humano é acostumado desde cedo e pelos quais tanto preza. Mas deve haver outras datas a serem comemoradas que não santos nos quais nem todos crêem. Não sei... se até Tiradentes é herói nacional, poderia se ter um feriado em homenagem ao Chico Mendes talvez - já que esse negócio de ser ambientalmente responsável está tão em voga. Ou se faz como a Dane propôs: transforma-se em feriado os dias santos de todas as religiões; dia de Iemanjá, de Xangô, um mês todinho de feraido na época do Ramadã mulçumano.

Brincadeiras à parte... talvez eu diga isso por não ter religião, mas o fim dos feriados religiosos poderia representar (por que não?) uma incoerência a menos em relação ao Estado brasileiro.

Bjooo!