quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Pelo direito de morrer

"Hannah Jones, adolescente britânica de 13 anos, doente em fase terminal, viu ser-lhe reconhecido o direito a morrer depois de o hospital, em que se encontra internada ter desistido de submetê-la a uma intervenção cirúrgica ao coração" (BBC Brasil)


Diferentemente do que se vem dizendo, o caso não configura eutanásia. Eutanásia é uma morte clinicamente assistida. A escolha de Hannah é pela não continuidade de seu tratamento contra leucemia. Feita esta colocação inicial, vamos ao opiniódramo...

Aos cinco anos, Hannah submeteu-se a um tratamento contra leucemia, à base de medicação fortíssima, que lhe trouxe complicações cardíacas. Após várias cirurgias sem sucesso, sessões infindáveis de radio e quimioterapia, Hannah, com uma maturidade espantosa, desistiu de passar por mais um procedimento cirúrgico e suas mínimas chances de sucesso. A menina alega preferir morrer com dignidade. O caso foi parar no Supremo Tribunal da Grã-Bretanha por ação do Herefordshire Primary Care Trust, que administra o hospital onde Hannah faz tratamento. A entidade desistiu do recurso após a conclusão de uma assistente social de que Hannah está segura de sua decisão. A inglesinha deverá deixar o tratamento e passar seus últimos dias em casa.

Eutanásia, ortotanásia, distanásia, mistanásia, o que quer que seja, nada mais é que o direito de morrer. Por que não? Por que insistir em ver o sofrimento de uma pessoa ou por que dar continuidade a uma vida vegetativa, desprovida da própria essência do que venha a ser existência? Se ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém, quem tem direito de prolongar o sofrimento alheio até além do último instante?

Concordo que a esperança de a ciência avançar e dar resoluções às mais diversas enfermidades é um motivo nobre para se insistir na manutenção de uma vida que já nem mais vida é. Porém, não mais nobre do que o argumento usado por Hannah. Morrer com o mínimo de dignidade deve ser direito de qualquer um. Aos que sofreriam com a decisão de "deixar" alguém que se ama morrer, fica o consolo de ter tomado a menos egoísta das atitudes: abdicar da necessidade de ter essa pessoa fisicamente próxima em nome de minimizar seu sofrimento.



BjoS!

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