domingo, 19 de outubro de 2008

Violência II

O "se", enquanto conjunção subordinativa condicional, indica possibilidades.
Falar em "se" é sempre um exercício de futurologia, não há como negar. Mas, imaginemos...

SE a imprensa não tivesse participado tão ativamente da manutenção em cárcere privado das adolescentes Eloá e Nayara em Santo André, as coisas teriam sido diferentes?

SE esse crime não tivesse virado manchete dos principais jornais, das principais revistas, unico-assunto-no-mundo-fora-a-queda-das-bolsas durante quatro dias em telejornais, com direito ao famoso e temido "Plantão da Globo" sempre que qualquer coisa "inesperada" acontecesse, ele teria se alongado tanto?

SE o sequestrador, mais conhecido nas quebradas de Santo André como "Liso", não tivesse dado até entrevistas ao vivo por celular para váááárias emissoras de TV e rádio, ele teria relutado tanto em finalizar as negociações com a polícia?

Claro que há muitos outros fatores (ação dos policiais, estado emocional do criminoso)que levaram ao trágico desfecho do sequestro em questão - que todos vocês conheceram através da IMPRENSA. Mas minhas grandes dúvidas são: até que ponto o dito interesse público é mais importante que a preservação da vida de inocentes? Até que ponto a espetacularização da notícia continuará a ultrapassar a barreira sutil daquilo que é aceitável?

Com a palavra, os senhores jornalistas.

Um comentário:

Lucas Vieira disse...

é por isso que faço direito...

ou não!